Toda vez que se ouve falar "Bah, o Fulano, com tão pouca idade, vai ser pai!", cria-se automaticamente um sentimento de pena ou revolta. É sempre assim. Existem aqueles que ficam irritados, indignados com a situação outros que tentam ajudar, apaziguar o fato. São os aspectos ruins de ser pai na adolescência. O problema é que, normalmente, o futuro ou atual "papai" acaba assumindo uma posição igual à maioria das pessoas: ou fica indignado ou acaba sentindo pena de si mesmo. Pobre rapaz...
Todos sabem (sim, eu também!) que não tenho filhos ainda, que já sou homem maduro, relativamente bem no aspecto financeiro (não se iludam, somos na média da população brasileira, nada de mais), psicologicamente pronto e preparado para ser pai, mas este pobre rapaz que não tem estas convicções que tenho acaba se desestabilizando completamente. Acaba "pilhado" pela família e pelos amigos e rapidamente rotulado pela sociedade. Tudo o que não tem e precisa é de estabilidade.
Calma e tranqüilidade são as últimas coisas que passam pela cabeça. Digo isso não por experiência própria, mas por auxiliar os amigos mais chegados que passaram por dificuldades. Trabalho, estudo, moradia, alimentação, saúde, e toda uma lista enorme de etecéteras. Não existe manual para a paternidade na adolescência, mas se fizermos uma pequena lista (Dona Genô adora listas!), uma pequena relação de “vacinas” psicológicas necessárias, alguns tópicos seriam estes:
- Respire fundo e deixe a poeira baixar:
Não suma do mapa, mané! Assuma a responsabilidade, converse com as famílias e tire um tempo pra pensar, se for necessário. A renúncia e a negação são as piores coisas. Você precisa do apoio e confiança de todos;
- "Veja pelo lado bom: você vai ser pai!":
Pra muitos pode ser ruim, pra outros nem tanto, mas o fato é que, a menos que você seja um tremendo canalha, você vai assumir este filho (vai, né???). Sim, você vai passar por dificuldades, com certeza, mas no final, quando aquele bebezinho for crescendo, além de uma alegria tremenda, você vai ganhar um parceirão! Faça o cálculo da idade. Por exemplo: se você for pai aos 15 anos, quando seu filho (a) fizer os 15, você vai estar com 30. Inteiraço! Vai poder sair junto, ensinar uns "truques", uns "atalhos" e também ensinar como não "fazer" família com esta idade;
- Cuidado com o que ouve:
Bons amigos são muito bem vindos nesta hora. Os "conhecidos" podem não ser. Bons amigos podem trazer apoio e incentivo, algum suporte financeiro, numa hora de desespero, mantenha-se próximo deles, mas lembre-se: responsabilidade acima de tudo, pois você vai ser pai, e noites de bebedeira com os amigos não pegam bem nesta hora;
- As famílias:
Neste período a família pode ou não fazer bem. Avalie o clima em casa, assuma a posição de seus pais (como você se sentiria estando no lugar deles?) e não fuja da raia. É importante que você assimile o golpe! É a tal da hora de "bater a responsabilidade". Seus pais gostam muito de você (pode não parecer, mas é tudo mentirinha). Converse e entenda o seu posicionamento. Se quiseres o apoio deles, receba e acate as instruções que aos poucos as coisas vão se ajeitar, mas se a coisa for mais radical, tente na família dela. Normalmente (o "normalmente" reflete a atitude da maioria, não é regra) a menina acaba indo morar com você. É, é verdade! Converse com a família dela e repita os passos acima, mas esqueça a parte do "gostam muito de você";
- Sua amiga/ficante/namorada grávida:
Estas e/ou outras qualificações podem ser atribuídas à futura mamãe de seu filho(a). Você não precisa gostar dela, querer casar ou morar junto, mas isso você vai ter que acertar com ela. Não seja desprezível, converse! Ela está prestes a passar por um período extremamente traumático nesta idade (presumo que seja a mesma da sua!). Escute, ampare e ajude pelo menos durante a gestação. NO MÍNIMO! Seja homem também na hora de receber a criança, não só pra fazê-la! Se for confortável para os dois, acerte a sua vida com a mãe e a criança DEPOIS do nascimento, nunca antes.
Existem muitos outros itens que poderiam complementar esta lista, inúmeros pontos de vista, mas a partir daqui, você vai ter que tomar decisões. O mais importante não se refere exatamente à gravidez, mas sim à sua vida.
Nada é 100% ruim. Até mesmo um chute na bunda te empurra pra frente!