terça-feira, 15 de abril de 2008

Bergamotas ao Sol

E o frio chegou a Porto Alegre... Ah, que bom...

O clima de hoje, agora à tarde, está como eu gosto, frio, entre 15 e 18ºC, muito sol e céu limpo, azul. Hoje é o legitimo dia que o gaúcho gosta pra comer bergamota (de preferência a Ponkan) ao sol, na praça. E se o clima ficar bom assim até o fim de semana, pode ter certeza de que a Redenção e o Gasômetro vão estar abarrotados de gente tomando chimarrão.

Eu, até a adolescência não tinha noção do que tinha de interessante sentar em baixo de uma árvore, ao sol, e ficar com as mãos fedendo a bergamota. Ou então fazer uma roda de cadeiras ao redor do fogão a lenha, cedo pela manhã, bebendo chimarrão. Sabe como é adolescente, não? Irritadiços, apressados, impacientes, incompreendidos. Eu via meus pais, meus avós, meus tios no entorno do fogão, no frio. Podia-se ver a geada cobrindo o gramado em frente a casa, pela velha janela da cozinha, e eles jogando conversa fora e falando bobagens, mas não entendia o quão valoroso era aquilo.

Eles passavam horas e horas a fio lembrando histórias de parentes antigos, vindos Itália, ou lembrando “causos” engraçados, onde inclusive eu participei como protagonista, como o a história da fuga do bezerro, ou ainda lamentando a ausência daqueles que se foram. Era a história da minha família que desfilava pelos meus ouvidos inaptos, e eu não valorizava. Hoje sou o primeiro a puxar uma cadeira.

Parece bobagem agora, lembrar de tantas baboseiras que disse e todas as afrontas que fiz aos meus velhinhos. E eles entenderam, sem mágoas, pois já passaram por isso há algum tempo e tem o mesmo entendimento que estou tendo há poucos anos, mas a verdade é que, quem mais perde é aquele que não dedica seu tempo a escutar e entender aquelas histórias, que são contadas com tanto carinho e emoção por eles que, no alto de sua sabedoria, apenas riam da nossa rebeldia juvenil. Meu saudoso avô, o "Lhô-lhô", como eu o chamava, que o diga. Um dia hei de ouvi-las novamente.

Não sou o Pedro Bial, mas se eu pudesse dar uma dica pro futuro seria, respeite os mais velhos, pois eles provavelmente terão uma antiga resposta para novos problemas. Aproveite a vida da melhor forma possível e nunca perca a oportunidade de entrar numa roda de chimarrão ou de comer bergamotas ao sol, afinal, ficar fedendo à bergamota faz bem à memória.



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