segunda-feira, 31 de março de 2008

Boas notícias!!!


Devo estar recebendo agora a tarde uma caixinha de Natele... Sabem o que isso significa? Em mais ou menos três meses estaremos encomendando pra cegonha a Astolveva ou Genetolfo!!! Estou muuuuuuuuuuuito contente com isso, pois é um sinal concreto de que as coisas vão mesmo acontecer! Se tudo der certo e se Ele quiser, em breve estaremos anunciando uma grande notícia!


quarta-feira, 19 de março de 2008

R P G

É Role-Playing Game não Reeducação Postural Global.

Alguém já jogou?

Eu e a Dona Genô tivemos nosso primeiro contato com o jogo durante a faculdade. Ah, a faculdade... Tínhamos um grupo muito bom. Saíamos da SJT depois da aula de sexta e pegávamos o ônibus pro centro. Caminhávamos até a Washington Luis, próximo à Usina do Gasômetro, e, no apartamento de um dos nossos amigos jogávamos até as sete da manhã... A janta era clássica: massa com salsicha, ao molho de tomates-de-veludo. Rápido e prático. O grupo variava de sete à nove pessoas, dependendo da época.

O RPG é um jogo de interpretação de personagens. Um narrador, chamado Mestre, escreve e narra uma história e os jogadores assumem papéis de personagens dentro da narrativa, interagindo e mudando os rumos da história. O grupo de heróis (os jogadores) precisa cumprir alguma tarefa, como salvar uma princesa, recuperar um item mágico, ou qualquer outra coisa que se apresentar na Campanha (o jogo). Existem vários tipos de RPG, dentre eles eu destaco o D&D (Dungeons & Dragons. Saca o “Caverna do Dragão”?) e o GURPS. Falo sobre eles mais adiante. Tá mas isso é no computador? Não, não tem nada de eletrônico envolvido, nem tabuleiro. Bastam três livros, lápis e papel e alguns dados pra jogar o D&D. Qualquer um pode jogar? Não. Essa é a verdade. Não são todos que podem jogar, não por algum impedimento legal, físico ou psicológico, mas por algo que muitos não têm ou perderam com o tempo. A imaginação. Você pode ser a pessoa mais graduada deste mundo, mas se não tiver imaginação, você não joga RPG. O jogo se passa num mundo de fantasia, um ambiente fantástico habitado por monstros, dragões, magos e guerreiros.

A imaginação humana é uma ferramenta incrível! Ela pode nos salvar de traumas, nos alegrar, nos entristecer, criar pânico, mover multidões, derrubar ditadores, etc. Os psicólogos sabem melhor que eu, mas o fato é que é o jogo que mais gosto de jogar. Na época, todos achavam que nós éramos um bando de drogados. "Como ficar jogando só com a imaginação? Vocês tomam alguma coisa, né?". De forma alguma. Éramos todos pessoas saudáveis, estudantes de contabilidade e empregados. Boa parte desse preconceito vem das más notícias que se vincula na mídia. "Fulano mata Cicrano num ritual satânico. O rapaz alega que fazia parte de um jogo de RPG". Como eu comentei, existem vários tipos de RPG. O medieval, representado pelo precursor e, pra mim, o melhor de todos, o D&D, o 3D&T, inspirado em mangás e animes, e o pessoal da pesada, Lobisomem, Vampiro, Demônios, etc. E o GURPS.

Como eu disse antes, a imaginação é incrível. Tão incrível que é capaz de fazer com que adolescentes sejam manipulados e induzidos a cometer crimes por pessoas completamente sem noção. É aí que começam os problemas. Eu adoro RPG, adoro vampiros e suas histórias, já joguei inclusive, mas imagine: se pra mim já foi forte, imagine para alguém que vive sob dúvidas, numa época crucial para sua formação. Mas isso tudo é uma questão de personalidade. Não se assustem se os seus filhos falarem de RPG, por favor! Precisamos de jogadores! É uma questão de comportamento. Cada um sabe o tipo de "bebê" que tem em casa, mas uma coisa é certa: esses RPG's mais pesados são para adultos, portanto, cuidado é sempre bom.

Tá, mas e o tal do "Gurpis". Esse é um dos melhores. Imagine o seu filho, na escola, descobrindo as maravilhas do Brasil da época do descobrimento, na pele de um Bandeirante? Ou entendendo da organização dos Maias, vivendo como um sacerdote num dos suntuosos templos em Chichén Itzá? Ou melhor, defendendo-se de Napoleão, na gelada Rússia? Dá pra imaginar? O GURPS pode fazer isso! Por isso ele é tão importante. Sua aplicação pedagógica é muito ampla. Genericamente, tirando os mais pesados, o RPG aplica organização, raciocínio rápido e lógico, trabalho em equipe, entre outras tantas coisas bacanas. E a hora do lanche é muito divertida! Já joguei com muitas crianças, e elas se saem muito bem! Existem até empresas utilizando o RPG em seleções e treinamentos!

Parece complicado, mas não é. A essência do jogo é a interpretação. Você pode esquecer os livros e criar suas próprias. Esqueça os dados! Todos têm dedos para um par-ou-ímpar!

A chave de tudo é imaginação. Soltar a mente. Você consegue se imaginar sentado à mesa com o anão Gimli, o arqueiro elfo Legolas e o Rei Aragorn, ou protegendo Sam Gamgi e Frodo Bolseiro, do Senhor dos Anéis? Ou encarando um Ogro, um Dementador ou um Hipogrifo, como aqueles do Harry Potter? Pilotando uma nave ao lado de Luke Skywalker? Ou encarnar uma menininha indefesa como Lyra Belacqua, protegida pelo urso polar Iorek Byrnison, em a Bússola de Ouro? Entrar em um guarda-roupa, e explorar um mundo mágico como em Crônicas de Nárnia? Pense bem! Procure assistir esses filmes de fantasia e faça o teste! O que você faria? Como se sentiria? O seu pimpolho agradece!

Durante uma historinha que você conta para o seu filho, antes de dormir, quando pergunta a ele "o que acha que o coelhinho vai fazer?" você está jogando RPG! Qualquer resposta que ele der estará certa! Não existem limites, basta entrar no jogo! O seu filho sabe muito!

Depois de todas as emoções de um bom Role-Playing Game pode ser que você precise de uma Reeducação Postural Global, mas não tem problema. Tudo acaba em RPG!

Negligência

Confesso que não ando muito inspirado, ainda mais hoje, depois de ler a matéria sobre criança atropelada por outra criança. O erro dos pais é tão obvio e tão gritante que fica difícil até de pensar numa hora destas. A vontade que tenho é de linchar gente deste tipo, por melhores que possam ser. É radical? Sim, mas alguém consegue formular alguma desculpa ou justificativa plausível para isso? A criança saiu de casa, abriu o carro e soltou o freio de mão. Nos três momentos há negligência. Ela sai de casa sem ninguém ver, abre a porta do carro, que estava destrancada e solta o freio de mão! ELA SOLTA O FREIO DE MÃO!!! Um freio de mão, bem puxado já é difícil para um adulto soltar, ainda mais em um declive! Não há justificativas, não há explicações.

Só espero que os pais sejam punidos exemplarmente, que esta criança que cometeu essa barbaridade consiga viver tranquilamente no futuro e que os pais da menina, que teve parte da perna amputada, tenham muita fé em Deus para suportar toda a raiva dos seus corações, pois essa menina vai precisar de muito apoio.

E que ninguém me venha dizer que é só mais um acidente. Era seu/sua filha lá?

quinta-feira, 13 de março de 2008

ALMOST-SICK

E aí que sempre que pinta a idéia de filho nas conversas em família começa a briga. "Vai ser gremistão!", "Que nada, vai vir colorado!". Na nossa família tem uma lógica: pai gremista, filho gremista, mãe colorada, filha colorada. Meus sogros, meus pais, nós e meus cunhados. Aí um gaiato vai dizer: "Bah, mas quem liga pra isso?". Quando se fala isso para um gaúcho doente por futebol, a discussão pode acabar na ponta da faca! Não sei se em outros estados esta rivalidade é tão grande, mas aqui até mesmo os casais mais pacíficos podem acabar brigados por uma semana! Já vi aniversários de criança acabarem mais cedo por brigas sobre futebol!!! Imaginem!!!

A Dona Genô é um caso típico. Eu sou um gremista "almost-sick". Leio, escuto, assisto, escrevo, discuto e só não vou ao Olímpico Monumental pois ainda não resolvi a questão dinheiro/segurança, que me preocupa. Só não tenho um altar com a bandeira do Grêmio e um pôster do Renato Gaúcho pois ela nunca deixaria. Dona Genô não. Ela é uma mulher disciplinada. Não lê, não escuta, não assiste, não escreve e não discute. Juntou duas Zero-Hora sobre o colorado (libertadores e mundial) só pra me afrontar! SÓ PRA ME AFRONTAR!!! Permanece quieta, não fala nada sobre futebol, mas sempre tem algumas tiradas extremamente sarcásticas e irritantes, especialmente quando o tricolor perde. Mas eu a perdôo, sempre! Sou um marido carinhoso e paciente.

No último sábado, empolgada pelo falatório do mulherio colorado, agarrada firmemente à imagem do Campeão Mundial Fifa, decidiu ir ao jogo. Promoção do dia da mulher, campeonato gaúcho e tal... Concordei. Foi um jogo festivo. Cinqüenta mil pessoas no estádio, atrasou uns trinta minutos, o colorado meteu dois a zero, todo mundo feliz! Inclusive a Dona Genô, que dormiu a tarde toda... Sim! Acham que ela foi? Saímos pela manhã, estava um belo dia. Passeamos um pouco e almoçamos no nosso sushi preferido. A desculpa dela foi que tinha comido demais e estava com medo de passar mal. Tudo bem, não vou discutir os motivos dela, mas que o papai aqui não vai passar mal quando for levar o Arthur E a Sofia no Olímpico, isso não neném!!!

terça-feira, 11 de março de 2008

Instintos paternos

Você acredita que os homens tenham instintos paternos? Eu sim! Eu já estou me sentindo pai mesmo antes de engravidarmos. Não consigo ver criança correndo em volta que já dá aquela vontadezinha de pegar, amassar, correr junto, jogar pro alto, proteger, xingar... A dona Genô me disse ontem que não existe isso de instintos paternos. Afinal, o filho não é dos dois? Querendo ou não, grande parte da carga genética do futuro bebê parte do pai, já que o sexo é determinado pelo espermatozóide. Não é um pensamento egoísta? Uma coisa eu concordo, não há como comparar os dois, pois ambos são complementares. O sentimento de pai não fica preso à criança, e sim à família. Há a responsabilidade de ser o provedor, aquele que dá abrigo e proteção, aquele que deve ter pulso firme, mesmo que doa no coração. Não me critiquem as feministas, mas pai vai ser sempre pai, o homem da casa. Muito disso se perdeu com o tempo. A mulher assumiu outras posições no mercado de trabalho, ganhou espaço e notoriedade, e muitas vezes assumem as duas funções dentro de casa, mas eu sei que, no fundo, bem no fundinho, tudo o que ela sempre se procura no final de um dia difícil é um colo, um abraço ou um cafuné carinhoso pra recobrar as energias e voltar a sorrir.

Não existe instinto paterno? Bobagem! Vão acreditando nisso, mas eu vou estar lá, pronto pra dar a bronca, o beijo ou passar mertiolato!


segunda-feira, 10 de março de 2008

Manifesto contra a mulher

Abaixo, um texto retirado do Blog do David Coimbra. Sem mais palavras sobre isto.

Dia da Mulher, francamente. Não queria escrever sobre, mas tive. Porque a Cláudia Ioschpe, do Clic, pediu-me um texto para o blog dela, e eu não iria recusar um pedido da Cláudia Ioschpe, tão cordial que é. Porém, decidi tecer um texto de protesto, um manifesto contra a dita mulher moderna, no qual me baseei para traçar o que se segue abaixo.


Bem. Em primeiro lugar, quero deixar alguns pontos claros. Um é fundamental. O seguinte: Nenhuma mulher paga, estando com David Coimbra. É de lei isso. Pouco se me dá que você reclame:

- Sou emancipada! Sou livre! Ganho meu próprio dinheiro!

Não me importam suas queixas. Pagarei a conta.

Tem mais: ainda que você seja feminista, independente, liberada, dona do seu nariz, não adianta: vou continuar mandando-lhe flores, fazendo-lhe massagens, chamando-a de linda, elogiando o pequeno nariz do qual você jura ser proprietária e também seus olhos coruscantes, verdes de um verde que não existe, vou continuar achando que você é a princesa, a rainha, a imperatriz!

Pode protestar! Pode reclamar! Pode me chamar de chauvinista! Será em vão. Continuarei achando que você é frágil, que precisa de alguém que lhe dê segurança, que precisa de cuidados, carinho, proteção. Continuarei fazendo todas essas coisas que você odeia que eu faça.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Animais estranhos, trajes hiperespaciais e carros velozes

Levantamos cedo no meio daquela floresta. Era impossível descansar o suficiente, pois enorme era quantidade de animais ferozes que circundavam a nossa árvore. Saltamos então, caindo diretamente sobre os dois crocodilos, um sob cada pé, que nos serviam de montaria, que nos conduziam em segurança até a cachoeira. Lá, suas águas mornas nos acalentavam da dor e sua força nos massageava os músculos, doloridos pela noite mal dormida. Distraídos e relaxados, subitamente fomos abraçados pelo Monstro Felpudo, que firmemente, acabou por arrastar até a entrada de uma caverna. Já secos, fomos atacados novamente. Seres implacáveis! Da caverna escura, surgiam eles. Um Morcego-Cueca, um Macaco-Camiseta e uma estranha Cobra-Calça, com duas caudas! Sim, duas caudas! Era incrível! Agarravam-se a nós e não queriam mais soltar! Caso você não saiba, os filhotes da Cobra-Calça se chamam Cobras-Meias. É verdade! Mas não importa! Depois que calçarmos os magníficos Tênis-controladores-de-animais-estranhos, não teremos mais problema, pois estes estranhos bichos passam a agir como nós quisermos. Corremos com eles sobre a pista de acesso interestelar até a sala de conferências, onde a capitã nos dava instruções de como abastecer os nossos trajes espaciais.
- Você deve beber todo este suco de laranja e comer esta torrada super-reforçada, para que todo o sistema operacional do seu traje hiperespacial funcione corretamente! Faça isso rápido! Sua nave ultrasônica o espera em frente à base! Coragem soldado! - Bradava a capitã.
Inflamados pelo discurso, sorvemos o último gole do líquido amarelo brilhante, o combustível do traje, e corremos pra fora. Lá aguardava, de motores ligados, a nossa nave. Brilhava em vermelho vivo. Entramos e logo assumi o papel de piloto e tomei os controles. Virando-se sua direção, exclamei:
- Pronto Senhor? Este não é o momento de termos medo! Sente-se confiante?
- Sim! Prossiga!
Chegamos à estrada. Eu e meu navegador estávamos indo bem, vencendo e ultrapassando os adversários. Sem pedir, ele me guiava, dizendo, vire aqui, vire na próxima rua à direita, siga em frente. Em poucos minutos chegamos à entrada do Templo. Na porta, a sacerdote já o aguardava, vestindo jaleco branco.
- Bom dia Arthur! Melhorou da gripe?
- Sim tia!
- Vamos entrar? Seus coleguinhas já estão te esperando!
Saiu correndo, melhor do que nunca.
Nada melhor que um pouquinho de criatividade para recuperar a auto-estima.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Tudo certo!

Levamos os exames da Dona Genô na doutora e ela disse que estava tudo bem. Ótimo! Vamos aguardar agora a primeira ovulação dela após parar de tomar a pílula (Salve Odair José!). Acho que ela vai começar a tomar o ácido fólico (acertei?) a partir de abril, já pra começar a preparação. Só não entendi a reclamação da Dona Genô pra cima de mim:

- Tu estás conseguindo destruir a minha reputação junto a medica, que eu criei durante estes últimos anos!

Como assim? Só por que eu disse pra doutora que ela era internetmaníaca! Um aviso: não deixem um computador com internet perto dela! Ela vai ler os mil quatrocentos e noventa e dois blogs, todo o LV do Mothern, acessar as suas cinco caixas de e-mail, começar conversa com doze pessoas ao mesmo tempo no MSN, baixar música, procurar receitas, ler notícias e tudo mais em apenas vinte e quatro janelas do internet explorer e/ou mozilla. Pior quando ela resolve fazer tudo isso e cozinhar ao mesmo tempo! Aí fico eu lá, chamando sem resposta:

- Genô... Genô! GENÔ!!!

É dose! E ela me acha exagerado ainda!

Amor, te amo assim mesmo, tá! Bjz!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Hummm...

Não posso nem sentir o cheiro! Pizza Califórnia, aquela com frutas... Hum, que delícia! Ela, tratada com indiferença ou até mesmo ódio por muitos, a mim, além do sabor, traz consigo muitas lembranças. Acho que eu beirava os dez anos. Minha madrinha morava na Julio Bocaccio, no bairro Santo Antônio. Eu dormia lá, de vez em quando, quando reuníamos os primos e/ou os amigos pra um filme com pipoca. Ela tinha videocassete! Sim, videocassete! Era um luxo só, ficar no sofá com o controle remoto. Meus pais ainda não tinham conseguido comprar um. Minha dinda ainda tinha um tapete grande na sala, daqueles bem peludos e fofos, e todos se aboletavam ali pra assistir. Quem conhece a Julio Bocaccio sabe que, pelo menos naquela época, a rua era muito tranqüila. Era uma rua larga, bem larga, toda arborizada, onde passavam poucos carros. Ela morava num condomínio de apartamentos. Era muito bonito no fim da tarde, pois os raios de sol que conseguiam vencer os prédios eram filtrados pelos plátanos na calçada, e criava um efeito muito legal de luz e sombras. Enfim, chegava a noite. E o que dar de comer a um bando de pré-adolescentes enlouquecidos na frente da TV? Pizza! Vinham de todos os sabores, mas uma nunca faltava! Qual? Califórnia! Todos eram relutantes à idéia de misturar mussarela com frutas, mas eu não me importava, pois minha dinda adorava, e eu passei a gostar. Toda vez que víamos filmes, chegava a pizza Califórnia... Eu e ela comíamos praticamente sozinhos! Era ótimo!

Certa vez, estávamos passando pela Benjamin Constant quando tomamos a Avenida São Pedro. Quando viramos à direita na avenida fui tomado por uma onda de nostalgia que me "amoleceu". Senti um misto de alegria X saudade. Logo em seguida, à esquerda, vi a antiga empresa em que meu pai trabalhava. Ele era metalúrgico. Lembrei do tempo que ele trabalhava ali, em que eu o encontrava no final do expediente. Ninguém pensava em segurança do trabalho naquela época. Eu entrava no chão de fábrica, conversava e ria bastante com os colegas dele, ele me mostrava as máquinas, o que ele fazia durante o dia e tudo mais. Era um lugar sujo e escuro, se bem me lembro. As condições eram muito precárias. Os patrões dele eram tão gananciosos que chegavam a roubar um do outro. Imagine se iriam melhorar a fábrica? Eu sei é que nós saíamos dali no fim da tarde, com o sol deitando sonolento na avenida, passávamos no boteco em que ele almoçava e comprávamos três "Xis" e um chocolate pra mim, um daqueles de barra. Pegávamos o ônibus e ao chegar em casa a mãe já estava com a mesa pronta. A primeira coisa que ela fazia era tomar o chocolate da minha mão... Humpf! Desde então, não consigo mais desvincular a Avenida São Pedro àquela época.

Não importa o que for. Comida, bebida, um lugar, uma pessoa, uma palavra, um sorriso. Momentos inesquecíveis tendem a se agarrar a alguma coisa para virem à tona, a qualquer hora. Eu tenho esses dois, principalmente, mas tenho certeza que você tem algum. Pense um pouco... O feijãozinho da mamãe também vale!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Pessoas de fibra

Assim como meus avós, você já deve ter conhecido muitas pessoas de fibra. Elas são fortes, combativas. Elas nos inspiram e motivam. A lenda que se cria sobre sua história cresce à medida do tempo. São como Alexandre, o Grande, Átila, o Huno, Conan, o Bárbaro, os 300 de Esparta, Hércules, Thor. Suas campanhas são sempre espetaculares, de feitos sobre-humanos, sofrimento, privações, mas sempre com um final afortunado, graças à fibra que tem, pois nadam contra tudo e contra todos que lhes dizem ou pensam ser impossível realizar aquilo que desejam. Aquele time do Grêmio, que entrou em campo no dia 26 de novembro de 2005, que venceu a Batalha dos Aflitos era um time de fibra, pois fez o inacreditável.

Este post eu dedico à Dinha, uma das grandes mulheres que eu conheço, mãe do Yuri e do Caio. Salve, Dinha, a bárbara!

Sobre o post anterior:

Acabei me deixando levar e deu no que deu. Pois é, sou humano e um tanto molenga pra essas coisas, mas acho que isso me faz uma pessoa melhor, caso contrário, já teria tentado mudar isso. Estou sempre aprendendo.

Eu amo eles!

AVÓS

Eu amo meus avós! Tenho um carinho muito grande por eles, gosto de ouvir as histórias do passado, um passado muito distante, onde as coisas eram resolvidas na palavra ou na ponta da faca. Uma época de corajosos. Meus avós maternos são vivos ainda, graças a Deus. Eles moram no interior do estado, tem um sítio. Fora as doenças da idade, eles estão muito bem. Já por parte de pai, a situação é um pouco diferente. Só minha vó é viva. Ela hoje mora na praia com um novo companheiro, e leva a vida que sempre quiz. O que ambos tem em comum? Força.
No interior, quanto mais filhos, mais mão de obra pra lavoura. Meus avós criaram muitos filhos e perderam um, num acidente doméstico muito trágico que não convém narrar aqui. Imaginem cuidar de tantos filhos no interior, onde ônibus era caro e raro? A cidade ficava a quilômetros de onde moravam. São heróis! Meus heróis!
Já na cidade, a vida era diferente. Minha vó teve quatro filhos homens. Trabalhava de cozinheira na Varig, esse é o único emprego que eu tenho registro na minha cabeça, mas ela já fez de tudo, trabalhava inclusive de faxineira, se não me engano... Meu avô biológico bebia muito, a traia, a batia muito e não contribuia com nada para o sustento da casa. Ficava tudo sob a responsabilidade da minha vó. Certo dia ela chegou em casa mais cedo e encontrou o sem vergonha na cama dela com outra mulher. Ela o expulsou de casa. Sozinha, com quatro filhos pra criar ela seguiu. Encontrou outra pessoa, que veio morar com ela, e junto trouxe dois filhos homens. Juntos criaram os seis rapazes. Um deles inclusive faleceu num acidente de moto, no ano do meu nascimento, e meu nome é uma homenagem a ele. Este novo companheiro também bebia, fumava e batia muito nela. Este último fato eu fiquei sabendo depois de grande, já adolescente. Meu avô de criação era muito calmo, amoroso e atencioso. Sempre pescávamos juntos. Mas um dia ele adoeceu seriamente. Teve um aneurisma que comprometeu muito sua saúde. Por coincidência ou destino, meu avô biológico também tombou doente, com um sério AVC. Na semana da Páscoa, os dois faleceram. Se pra mim a dor foi imensa, imagino a que ela sentiu, pois o tempo cura feridas, apesar de deixar cicatrizes. Ela os amava ainda, da sua forma. O tempo passou, como sempre, e mais uma pessoa apareceu na vida dela, disposto a dar carinho para uma alma cansada de sofrer. Era um homem mais novo, que causou a ira de alguns dos filhos, que aos poucos foram amansando, pois reconheceram que, apesar de filhos, não poderiam dar todo o carinho que ela precisava. Eu também tentei participar muito da vida dela, mas a tristeza que habitava no seu coração era tamanha que ela só ansiava por morrer logo e descansar de vez. Eu não suportava tanta tristeza. Toda vez que a visitava, ao chegar em casa, eu desabava. Era muita dor. Todos estavam bem, minha vó estava feliz, sendo amparada por ele quando o destino a passou mais uma rasteira. Este homem teve um sério câncer nos intestinos, que foi visto já muito tarde. Veio a falecer dias depois. Não preciso dizer mais nada, né? Ela migrou pro litoral, como um velho animal que se afasta do bando pra morrer. Hoje ela vive lá, tentando novamente achar a felicidade à sua forma, com um outro homem. Está feliz. Ela merece. Isso que eu ainda não contei que ela era filha de um caso da mãe dela e, assim que nasceu, quase foi morta, afogada pela própria mãe. Foi salva por uma vizinha, que a criou por algum tempo. Deus sabe o quanto eu quero que ela seja feliz, se lá o que isso signifique pra ela a esta altura. Como não ter orgulho de tanta luta, de tanta força de vontade? É uma super-heroína. É difícil conter o choro ao escrever este parágrafo.
E hoje eu olho pra minha família. Vou ser pai no futuro, vou ter histórias a contar aos meus filhos, aos meus netos, se assim Deus me permitir, e vou lembrar de tudo. Este é o meu medo. O pai da Dona Genô não participa da nossa vida como eu esperava e provavelmente não participará também da vida dos nossos filhos. Que tipo de avô ele será?
Provavelmente o mesmo modelo do avô da minha esposa, que renegava filhos e netos. Eu fico triste. É só o que eu posso fazer. É uma parte da história que se perde e um laço que enfraquece, com grande probabilidade de romper. As pessoas muitas vezes não sabem a diferença que faz ter heróis e super-heróis nas suas vidas.
Por favor, me desculpem se tiver erros de português e concordância, pois eu não vou conseguir ler de novo, ou não vou publicar.