quinta-feira, 15 de maio de 2008

África do Sul de Bombachas!

Cuidado gente...

Lembram das minhas considerações sobre futebol, há pouco tempo atrás? Pois é, hoje volto a falar de futebol, porém de um problema que INICIA com o futebol.

Todos sabem do bairrismo gaúcho. É fato! Eu mesmo sou MUITO bairrista, porém como tudo na vida, há limites. Quando feito de forma saudável, de forma que não ofenda ou fira ninguém, é bonito e/ou engraçado. É uma forma de blindar nossa cultura que, se não é a mais arraigada entre os povos brasileiros, é uma das primeiras.

Eu tenho muitas preocupações quanto ao bairrismo destrutivo. O gaúcho consegue ser bairrista no Rio Grande. A melhor cidade, a terra disso, a terra daquilo, campeão disso ou daquilo. Dá briga, bate boca, socos e pontapés. O gaúcho porto-alegrense consegue ser bairrista dentro da cidade, disputando atenções e criando uma "guerrinha" desnecessária. Aí você me pergunta: onde entra o futebol?

No Rio Grande, muitos não gostam se você não torce por azuis ou vermelhos. Em Porto Alegre, não admitem. Ou você é azul e anti-vermelho ou vermelho e anti-azul. Aqui, o jornalista que assumir sua preferência clubística é crucificado. Se a governadora ou o prefeito ou o diretor da escola ou o dono da padaria faz "merda", é por que é azul ou vermelho. Essa intolerância e discriminação é tão absurda quanto a atitude do sr. Dick Advocaat, o holandês técnico do Zenit, time russo, campeão da Copa da UEFA, que não admite negros no seu time. Estaríamos nós criando um novo tipo de racismo? A algum tempo um torcedor azul foi morto por torcedores vermelhos por desfilar com orgulho com sua camiseta. O inverso também é comum.

Como vier numa época em que mais precisamos contar uns com os outros com tamanha intolerância?

Pode parecer uma preocupação genérica, mas sempre imagino como o maior problema global poderia afetar a minha casa, minha família. É como se ativasse um "zoom" pra dentro do problema. Criamos discussões e debates sobre alguns assuntos, muitas vezes inflamados, porém sempre com resultados positivos.

Sou intolerante à intolerância!

Não quero ver meu filho sendo discriminado na rua. Não quero que ele sofra com isso. Imaginem, no devaneio mais louco, médicos para azuis e vermelhos, bairros para azuis e vermelhos, leis, políticos, polícia, professores...

"Meu senhor, o senhor não pode trazer o seu filho azul aqui, pois esse hospital é pra vermelhos! Saia já daqui antes que eu chame a segurança!"

"Soldado Da Silva, encana esse vermelho aí! Ninguém manda ficar passeando aqui na área azul! CÁGA-LHE A PAU!"

Não dá gente! É o Apartheid Colorido, a África do Sul de Bombachas!

Acho que vou começar a torcer pelo vôlei...


Um comentário:

Ivan Grycuk disse...

Pois é, esse é um dos meus maiores medos quanto a por alguém no mundo. Já pensei e conversei um bocado sobre isso apesar não planejar uma criança em um futuro próximo.

Fica a dúvida, como vou poder proteger sem discriminar? Como vou ajudar sem comprometer? Também sou intolerante à intolerância, à falta de respeito e ao Apartheid Colorido quanto a qualquer coisa que seja.

Sou contra o bairrismo, apesar de ser bairrista e não ter intenção de deixar de ser. E diferente do que muitos querem, não quero um filho gaúcho, paulistano, brasileiro ou norte-americano, quero um filho que seja o que ele mesmo e saiba disso, apesar dele ser palmeirense e amar os pais como heróis.